Desbravando o interior da França III - Gerberoy e arredores

Uma delícia de roteiro que Ismael descobriu e planejamos juntos foi circular por alguns vilarejos das regiões de Picardie e Normandie. Escolhemos como base para ficar hospedados a cidade de Gerberoy, uma petite ville lindinha que é realmente uma das menores cidades da França. Quando estivemos lá, sua população era de 88 pessoas. Isso mesmo, eu não esqueci nenhum dígito, 88!!

O que nos fez escolher esta entre tantas? O fato de que Gerberoy estava entre as Plus beaux villages de Franceou "Os mais belos vilarejos da França"Um selo criado com a intenção de fomentar a preservação e divulgação dos pequenos e super charmosos vilarejos espalhados pelo interior da França. 

A caminho de lá, passamos por algumas cidadezinhas lindas, que nos faziam parar a cada instante para aproveitar a paisagem, curtir a beleza e fotografar. Tanto que em determinado momento nos perguntamos, o que é que Gerberoy pode ter de tão mais lindo que isso tudo que estamos vendo??! Quando chegamos lá descobrimos!! Quase parecia de mentira!! Cenário de filme... simplesmente nos apaixonamos!!


Cada ruela é um recanto!
Detalhes fofos da cidade



Jardins do pintor Henri le Sidaner (1862-1939)

Jardins do pintor Henri le Sidaner (1862-1939)

Pesquisando sobre hospedagem descobrimos um Chambre d'Hôte na cidade e consideramos a opção perfeita para o destino, na verdade nem sei se tem outras opções. Foi fácil de encontrar o Le Logis de Gerberoy, e Cécile nos recebeu de forma impecable. Logo estávamos com nossas coisas acomodadas num dos quartos super charmosos da casa e prontos para explorar a petite ville. Ao sair perguntamos sobre opções de lugares para fazer refeições, considerando que não demoraria muito para a hora da janta. Cécile nos falou que não haviam muitas opções, na verdade apenas um restaurante, mas que naquela noite estaria fechado. Mas eles também ofereciam La Table d'Hôte, ou seja "a mesa do anfitrião", poderíamos deixar reservado e eles se encarregariam de nosso jantar. Ok, assim o fizemos, sem saber ao certo o que esperar e lá fomos explorar a cidadezinha.

Já instalados e dando tchauzinho na janela
Vista que tínhamos do nosso quarto

Quando voltamos para jantar, Cécile nos mostrou um pouco da área térrea da casa onde os hóspedes podem circular e usufruir também. Havia uma sala grande super aconchegante que se juntava à sala de jantar, nesta sala reparamos numa estante repleta de álbuns de fotos, pedimos para dar uma olhada e Cécile nos contou que ela e o marido são parisienses, ela era fotógrafa e um dia resolveram dar uma guinada na vida e ir morar no interior, numa cidade menor (beeem menor!! rsss...), e o que os fez escolher Gerberoy foi a casa, eles se apaixonaram quando a conheceram e decidiram que era ali que iriam morar e criar suas filhas, depois de um tempo resolveram investir para tornar a casa rentável e assim surgiu o Chambre d'Hôte. Ela administra e recepciona os hóspedes e o marido é o chef e faz-tudo. Conhecemos também o quintal nos fundos, com uma grande área verde, super convidativo. Deu pra entender porque eles se apaixonaram pela casa!

O quintalzinho da casa onde nos hospedamos!

Na hora de jantar, sentamos à mesa com mais dois casais, um de franceses e o outro de alemães, ambos na faixa dos 60 anos e Joaquim era a única criança. Tive meus temores de que rolasse algum inconveniente, pois misturar pessoas de mais idade com uma criança de 4 anos à mesa nem sempre dá certo. Mas Joaquim foi um lorde, très mignon, como afirmou a senhora alemã. Quebrado o gelo do primeiro momento, Cécile deu início ao que consideramos uma experiência incrível! Um jantar à francesa repleto de informações, pratos e bebidas típicas da região onde estávamos. Nossa anfitriã começou explicando as opções de bebida que tinham para servir: sidra da Normandie, vinho ou cerveja, também produzidos na região. Cada casal escolheu uma das opções, nós optamos pela sidra e Joaquim tomou a lemonade mais cara da história, que no fim era uma espécie de Sprite! (única frustração da noite). Na sequência, Cécile foi introduzindo cada um dos pratos, explicando os temperos e preparo, assim como a procedência de cada coisa. Na hora dos queijos, ela nos explicou a ordem recomendada para se comer cada um dos tipos, de forma a apreciar melhor o sabor de cada um. Foi lindo!!!



Nosso jantar à francesa na Table d'Hôte. Magnifique!!

Na manhã seguinte, depois de um delicioso café da manhã, saímos dispostos a explorar os arredores da cidade. Com um mapa da região em mãos, fizemos um lindo passeio vendo e vivendo um pouco das lindezas da França!

Nada como se perder em estradinhas assim...
A primeira parada foi para fotografar um castelo lindinho que vimos no meio da estrada, era o Château de Hannaches.
Ficamos circulando o castelo e procurando os melhores ângulos,
a vontade mesmo era de entrar nessa portinha azul!
A alegria de se deparar com lindezas inesperadas pela estrada!
Seguindo o mapa, nossa próxima parada foi em Saint-Germer-de-Fly, onde lemos sobre a Abadia e Saint-Chapelle, que valia a pena conhecer. É um lugarzinho titiquinho de nada, ou seja, super pequeninho como tudo ali pela região e com o mesmo ar encantador! A Saint-Chapelle estava aberta a visitação e foi bem legal entrar e apreciar aquela beleza silenciosa... Aliás, essa foi uma marca dessa viagem, por todos os lugares em que passamos sentimos tranquilidade, paz, silêncio... acho que teve a ver com o roteiro que escolhemos e com o fato de as férias escolares ainda não terem começado nessa época. Voilá, seja qual for o motivo, foi muito bom fazer passeios sem "muvuca"!


Abadia e Saint-Chapelle
 

Vitrais da Sain-Chapelle 
Em frente à Abadia havia um restaurante fofíssimo que, só pela fachada, nos convidou a entrar, e como era a hora do almoço, foi perfeito! Além de fofo, a comida era deliciosa!


Vê se não dá vontade de entrar!

A fome era tanta que não deu tempo de registrar tudo, esta foi a entrada.
Estava tudo lindo, além de delicioso!! 

Além da visita à Saint-Chapelle e o almoço memorável, ficamos bem felizes com as informações e mapas que conseguimos da região! Ismael ama mapas, então pense numa pessoa feliz!!





Próximo destino: Lisors, para conhecer a Abadia de Mortemer, um lugar cheio de histórias pra contar...

Logo na entrada nos deparamos com essas lindezas...

Essa chaminé muito convida, né não? Fica na entrada da área e é onde se compra os ingressos.

Prédio principal, logo na chegada, onde tem um museu que conta um pouco da história do lugar.
Quando chegamos em Lisors para conhecer a Abadia de Mortemer, o clima não estava muito favorável. Céu cinza, vento, mó cara de chuva... mas a gente é brasileiro e não desiste nunca, lá fomos nós!

Logo de cara tivemos que nos abrigar da chuva no pombal!!!
Nada que algumas fotos lindas não façam valer a pena!!

Ruínas da Abadia de Mortemer, em Lisors, construída em 1134. Chegou a abrigar 200 monges.
Em 1790, haviam apenas cinco, que foram mortos na revolução francesa.

Este burrico ao fundo urrava como ele só!! Durante nossa exploração pelo local ouvíamos
ele de vez em quando e Joaquim sempre dizia: "ó, escuta, nosso amigo burro!!"

Ruínas da igreja da Abadia de Mortemer, em Lisors

Caminho dos duques, no bosque da Abadia de Mortemer


Visitar a Abadia de Mortemer é um belo passeio entre história, ruínas, natureza e muita beleza!

Seguindo nossas andanças por estradinhas muito charmosas, chegamos a Lyons-la-Fôret, mais uma cidade lindinha de tudo! Um lugar que mais parece um portal mágico que nos leva há tempos muito distantes...

Que tal se hospedar num Hotel que existe desde o ano de 1610?!

Pense numa fachada de comércio das antigas! "A loja das quatro fazendas".

Caminhar pelas (três ou quatro) ruas de Lyons-la-Fôret é um colírio para os olhos! A gente não cansa de achar tudo lindo, mesmo já tendo visto tanta beleza num só dia!
Nós caminhamos a esmo pelo centrinho e entramos num mercadinho, algo que amamos fazer em todas as cidades por onde passamos, parece que a gente tem uma noção mais real de como vivem os locais! he he...




Este é o Mercado público da cidade, onde acontecem as feiras livres.
Para fechar o dia de perambulações, paramos em Songeons. Mais um desses lugares de querer parar e ficar...

Songeons

Detalhes de Songeons que inspiram!

Lá pelas tantas nos pegamos "escolhendo uma casa" na vitrine de uma Imobiliária...
Que tal vir morar numa pequena vila do interior da França?! (ai, ai... suspiro...)
O moço da loja bem que ficou empolgado nos convidando para entrar, rssss...
Partimos de Gerberoy no dia de nossa volta ao Brasil. A ideia era pegar a estrada para Paris, trajeto de mais ou menos 1h15 até o aeroporto Charles de Gaulle, e fazer uma parada no caminho para conhecer o Castelo de Chantilly. Mas, infelizmente, o tempo não ajudou neste dia, estava chovendo muito. Chegamos a parar no estacionamento, mas quando vimos a distância até o castelo, calculamos tempo de apreciação + roupa molhada na bagagem + stress para visitar tudo no pouco tempo que tínhamos... até que lembramos daquela máxima que diz que é importante sempre deixar um gostinho de "quero-mais"! Então decidimos que um dos tantos "quero-mais" aqui na França pra nós será conhecer Domaine de Chantilly!

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